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Foto do escritorAGB João Pessoa

Nota: Justiça para Clayton Thomás de Souza - Alph

Por meio dessa nota, a Associação de Geógrafos Brasileiros (AGB) – João Pessoa declara apoio aos familiares e amigos de Clayton Thomás de Souza, conhecido como Alph. Mas, além disso, queremos justiça, queremos mais do que uma reportagem de 30 segundos na TV. Queremos saber: quem matou Alph?

Alph tinha 31 anos, era estudante do curso de Filosofia da Universidade Federal da Paraíba – UFPB. Alph era um militante ativo do movimento estudantil, atuou como presidente por três gestões no Centro Acadêmico (CA) de seu curso, além de coordenar uma gestão do Diretório Central dos Estudantes (DCE) da instituição. Foi membro estudantil na comissão da revisão estatuinte da UFPB pelo Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes (CCHLA). Participou do Conselho Superior Universitário (CONSUNI) por dois anos, onde atuou com seriedade, sempre muito atento às discussões e pautas, conforme relatam amigos e colegas.


A luta contra o autoritarismo dos agentes de segurança do campus era uma de suas bandeiras por uma Universidade mais justa. Alph nunca se calou frente as injustiças, denunciou servidores institucionais e terceirizados por abusos de autoridade e assédios a estudantes. Sua vida passou a ser ameaçada, o que já era fato notório pela comunidade acadêmica, uma vez que os casos se tornaram públicos em audiências públicas e reuniões do CONSUNI.

Em 2016, as ameaças foram concretizadas. Em uma festa para arrecadar dinheiro para o Encontro Nacional dos Estudantes de Filosofia, a equipe de segurança acionou a Polícia Militar para reprimir a festa e levaram Alph, que então era membro do CA. A alegação: desacato a autoridade e dano ao patrimônio. Dois dias depois de ficar desaparecido, Alph volta com seus cabelos cortados e nitidamente violentado, torturado, traumatizado. Depois desse episódio, Alph se afastou da UFPB. Apesar dos pedidos de posicionamento e ação, nenhuma medida foi tomada pela UFPB ou por outra instituição, a resposta foi o silêncio. Recentemente, Alph com muita coragem retornou e continuou na luta. As ameaças se intensificaram e agora ele está morto.

Em setembro de 2019 novas denúncias foram protocoladas junto ao Ministério Público Federal e o procedimento hoje corre em sigilo. Alph seria ouvido pelo órgão no início de fevereiro. No dia 6 de fevereiro ele desapareceu e, no dia 8, seu corpo foi encontrado nas margens de uma estrada do município de João Pessoa, em uma área conhecida pela população e pelos órgãos de segurança como área de desova. Em seu corpo, marcas de tortura e tiros na nuca. No dia 17 de fevereiro, sua família veio de Arcoverde – PE e reconheceu seu corpo.

Os casos de violência e intimidação institucional, dentro e fora do campus, contra seus estudantes são muitos. A guarda de segurança da UFPB é composta por agentes administrativos armados, que deveriam coordenar as ações dos seguranças patrimoniais (terceirizados) que prestam serviço a instituição. Este conjunto deveria prezar pelo respeito a comunidade acadêmica em sua totalidade, porém assumem, por vezes, uma postura miliciana na perseguição aos estudantes.

Aqui, repudiamos também a forma com que a grande mídia vem noticiando o caso e os protestos legítimos dos estudantes e comunidade universitária, que exigem respostas. Culpabilizar a vítima de um crime bárbaro e criminalizar o movimento estudantil é inadmissível.

Que a vida valha mais do que tinta e vidros!


Associação dos Geógrafos Brasileiros - Seção Local João Pessoa, 20 de fevereiro de 2020.



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